Os professores da rede municipal de ensino estão cada vez mais revoltados e decepcionados com a Secretaria Municipal de Educação de Barra de São Francisco, a SEMEC.
Segundo alguns profissionais da área, a educação municipal francisquense está abandonada. Muitos professores são contratados e temem perseguição e até a demissão, caso reclamem da atual administração.
“Temos que engolir, pois precisamos trabalhar para sustentar nossos filhos. A educação está cada vez pior em Barra de São Francisco, só não vê quem não quer“, disse uma professora.
Em janeiro, a principal reclamação dos professores foi quanto ao atraso no pagamento das férias. “Já estamos quase voltando a trabalhar e até hoje não recebemos o dinheiro das férias”, disse um professor na ocasião.
Professores também dizem que não estão recebendo o abono, que para eles é um direito.
“Quem não se precaveu passou aperto, não recebemos as férias e muito menos o abono. Sinto-me lesado como profissional” disse um outro professor.
Depois de muita reclamação, o prefeito Waldeles Cavalcante (PSC) chegou a negar que existisse algum atraso no pagamento dos professores e justificou dizendo que a prefeitura está pagando todos os funcionários em dia. “Nos anos anteriores a prefeitura pagava a mais para os professores, como este ano as contas estão um pouco apertadas vamos pagar o mesmo valor que pagamos aos demais funcionários”, disse o prefeito.
Tentamos por várias vezes falar com a atual secretária municipal de educação, Beta Gaiotti, mas não fomos atendidos.
Agora, depois de iniciado o ano letivo, professores já reclamam da pressão sofrida na SEMEC. Além dos profissionais que exercem o cargo por Designação Temporária – DT, os professores que passaram em concurso público e estão em período probatório também dizem que estão sob pressão.
Segundo eles, estão sendo obrigados a cumprir horário a noite. “Estamos com um impasse grande dos professores com a SEMEC. Eles estão obrigando os professores a cumprir planejamento a noite, fora do horário de trabalho. Tirando o fato de que o ano passado fomos ameaçados, porque estamos em probatório”, desabafou um professor concursado.
De acordo com os professores, eles não estão se recusando a fazer o planejamento, o que não concordam é com o horário imposto pela secretaria.
As reclamações dos professores chegam junto com suspeitas de desvio em dinheiro da educação. A prefeitura dificulta o acesso aos dados sobre o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e parte do dinheiro pode estar sendo usado irregularmente, para compensar supostos desvios em outras verbas do setor.
Pela lei do Fundeb, até 40% da verba pode ser gasta com reformas em escolas e compra de material didático. A legislação estabelece também que que pelo menos 60% das verbas do fundo devem ser usadas com salário de profissionais da educação.
Nenhum vereador se manifestou a favor dos professores ainda e a classe, que já foi considerada desunida, tenta agora se unir para reivindicar seus direitos.
Suspeitas e indícios de irregularidades no Fundeb em Barra de São Francisco não faltam. A principal delas é a do uso do fundo para “tapar o buraco” deixado por gastos irregulares da prefeitura com outras verbas da educação. Essa é uma estratégia para “economizar” outras verbas da educação, que estariam supostamente sendo gastas irregularmente.