Relatos, vídeos e fotos também passam a ser usados como prova de embriaguez; o condutor flagrado paga multa de quase R$ 2 mil – e o reincidente, de até R$ 4 mil –; e as medidas valem não apenas para uso de álcool, mas também para outras substâncias químicas que geram dependência.
O projeto é um substitutivo do deputado Edinho Araújo (PMDB-SP) ao projeto de lei 5607/09, do deputado Hugo Leal (PSC-RJ). Agora, a proposta segue para apreciação do Senado e, depois, para sanção presidencial.
Provas
Além do bafômetro, o relato de policiais e outras testemunhas, imagens e vídeos poderão ser utilizados para se comprovar a embriaguez do motorista
Multa
O condutor flagrado sob a influência de álcool ou de substância psicoativa que determine dependência pagará multa de R$ 1.915,40. E esse valor dobra em caso de reincidência no período de 12 meses
Prisão
Hoje, o motorista flagrado embriagado pode pegar de seis meses a três anos de prisão e ter suspenso o direito de dirigir. Mas propostas de punições mais severas devem
ser votadas em junho
Se o projeto for aprovado em todas as etapas, o valor da multa para quem dirige sob efeito de álcool e outras drogas passa de R$ 957,70 para R$ 1.915,40. Se o motorista repetir a atitude em até 12 meses, pagará o dobro.
Segundo o texto aprovado, não será mais preciso identificar a embriaguez, mas uma “capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou outra substância psicoativa que determine dependência”. E a comprovação desse estado poderá ocorrer por “teste de alcoolemia, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova admitidos em direito”.
Também está previsto o direito à contraprova: se o condutor não concordar com os resultados, poderá pedir o teste do bafômetro, por exemplo.
A iniciativa de votar o projeto surgiu como reação à decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que em março, observando a atual Lei Seca, só considerou como válidas as provas de sangue e bafômetro. O argumento era o de que a pessoa não é obrigada a produzir provas contra si.
Titular da Delegacia de Delitos de Trânsito do Espírito Santo, Fabiano Contarato considera a nova Lei Seca um avanço. Mas acredita que é pouco para que o número crimes de trânsito por embriaguez diminua.
Na opinião dele, são necessárias maior fiscalização e introdução da disciplina Trânsito e Cidadania nas escolas. Ele lembra que o novo texto corrige uma distorção social, porque uma parte dos condutores, normalmente com maior condição financeira e mais informação, se recusava a fazer os testes e ficava protegida. (Com informações de Almir Neto e agências)
Vitória: terceira capital em mulheres que assumem beber e dirigir
No ranking da população das 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal que, assumidamente, bebe após ingerir bebida alcóolica, as mulheres de Vitória ocupam posição de destaque. Elas estão em terceiro lugar, com 2,1%, perdendo apenas para Brasília (2,4%) e Florianópolis (3,3%).
Os dados são da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2011), do Ministério da Saúde. No estudo, foram ouvidas 54.144 pessoas durante o ano passado.
A pesquisa revela que, de maneira geral, 4,6% dos entrevistados admitem dirigir após beber qualquer quantidade de bebida alcoólica.
Jovens
Quem mais adota esse comportamento de risco são as pessoas na faixa etária de 25 a 34 anos (5,9%). Mas esse índice sobe para 8,6%, em qualquer faixa etária, quando se trata apenas dos homens.
O percentual entre as mulheres, das 26 capitais e do Distrito Federal, é bem menor: 1,2%.
O próprio ministro da Saúde, Alexandre Padilha, admite que o resultado da pesquisa é “muito preocupante e exige o reforço das ações para a redução de mortes e lesões no trânsito, em todo o país”, segundo o site do ministério.
Homens
Florianópolis é a capital que apresenta os maiores percentuais que revelam o hábito entre homens de beber qualquer quantidade de bebida alcoólica e dirigir: (16,5%). Vitória fica com a 16ª posição, com um índice de 9,7%.
Em relação às mulheres, o índice de 3,3% identificado em Florianópolis é mais do que o dobro do percentual do conjunto das capitais do país (1,2%).
Quando considerada a população geral, sem distinção de sexo, Florianópolis também se destaca com o maior percentual de pessoas que admitem beber antes de dirigir, chegando a 9,6% – mais que o dobro do percentual nacional (4,6%).
Em Vitória, 5,6% dos moradores ouvidos assumiram que, mesmo após ingerir bebida alcoólica, já conduziram veículos ou ainda têm esse hábito. Belém foi a cidade que teve a menor proporção (2,5%).(Claudia Feliz)
A pesquisa
Por idade
Consumo de qualquer quantidade de álcool por faixa etária
Entre 18 e 24 anos: 3% assumem beber
Entre 25 a 34 anos: 5,9%
Entre 35 a 44 anos: 6%
Entre 45 a 54 anos: 5%
Entre 55 a 64 anos: 3,4%
A partir dos 65 anos: 1,9%
Em geral
Consumo de qualquer quantidade de álcool população em geral
Belém: 2,5%
Rio de Janeiro: 2,6%
Manaus: 3,3%
Recife: 3,5%
Rio Branco: 3,5
Fortaleza: 4,2%
Maceió: 4,3%
São Luís: 4,3%
Salvador: 4,5%
João Pessoa: 4,6%
São Paulo: 4,6%
Porto Alegre: 5,4%
Aracaju: 5,5%
Natal: 5,6%
Teresina: 5,6%
Vitória: 5,6%
Belo Horizonte: 5,7%
Macapá: 5,8%
Cuiabá: 5,9%
Campo Grande: 6,1%
Boa Vista: 6,3%
Goiânia: 6,4%
Distrito Federal: 6,5%
Porto Velho: 6,6%
Curitiba: 6,8%
Palmas: 8,9%
Florianópolis: 9,6%
Fonte: Vigitel 2011, do Ministério da Saúde