
O prefeito Luiz Carlos Prezoti Rocha destacou os motivos para a promulgação do decreto de situação de emergência hídrica. “Sabemos da importância do meio rural para a sociedade martinense, onde reside aproximadamente 80% de sua população e da relevância da atividade agropecuária de base familiar para a economia do município. A publicação do decreto vai possibilitar que o governo municipal busque recursos e apoio junto aos governos estadual e federal para amparar os produtores rurais prejudicados pela seca, além de unir forças para estipular ações e estratégias”, explicou o prefeito.
A publicação do decreto é o primeiro passo para se discuta a criação de mecanismos que disponibilizem água para a produção agrícola e, ao mesmo tempo, atenda às necessidades básicas da população. O objetivo é acelerar os debates e a construção de medidas para que, num futuro próximo (temporada de inverno, período em que historicamente chove menos), seja os prejuízos sejam recuperados e o abastecimento de água normalizado.
Impactos na agricultura e pecuária no município
O estudo avaliou os efeitos da estiagem nas principais culturas agrícolas do município. A produção do café, por exemplo, teve uma perda média de 30% e como consequência da falta de água apresenta baixa qualidade, incidência de broca, bicho vermelho e ácaro vermelho. Outros reflexos para este cultivo são: a maturação desigual, diminuição da carga de frutos, capacidade reduzida de brotação. “O estresse hídrico força a florada, podendo ser observada uma grande presença pinhas para abertura de flor, onde, sem água para o pegamento dessas flores pode aumentar ainda mais as perdas” revela o estudo.
Produtores de palmito relatam que há atraso no corte e redução do tamanho e formação das hastes. Quem cultiva milho e feijão destacou que a falta de água afeta a fase da formação do grão e o atraso da colheita reduz a qualidade por causa da quebra dos grãos. As espigas formadas estão secando. Há também aceleração da maturação com formação de plantas pequenas, espigas anormais e grãos reduzidos.
A falta de milho para fazer a silagem e outros fatores como pastagem seca refletem na criação do gado leiteiro. Com isso, há redução da produção de leite e derivados e encarecimento do produto. Em Aracê, por exemplo, a situação está crítica: há casos de nascentes secas. As vacas estão perdendo volume corporal e a fonte de proteína para o gado está sendo apenas ração formulada, aumentando ainda mais o custo de produção. No caso da piscicultura, foram detectados casos de mortalidade de peixes por falta de oxigênio e temperatura elevada da água.
Além da projeção de aumento de preços dos produtos de origem vegetal e animal, os reflexos estão sendo sentidos na agroindústria e no agroturismo. Cascatas, cachoeiras e nascentes com redução significativa de água, paisagens devastadas e secas, incidência de queimadas, impactos no processamento de leite, frutas e outros produtos influenciam diretamente nas atividades.